Promovendo a Discussão a Respeito
de Pesquisa Acadêmica de Marketing
Alguns alunos e colegas têm
participado de discussões a respeito de pesquisa acadêmica de marketing e se
manifestado inquietos com a aparente calmaria da área. Acredito que há muito o que se discutir, mas temos tido pouco tempo para isso, ou pouco interesse.
Estaria em curso o
recrudescimento de posições mais alinhadas ao positivismo? Estaríamos
despreocupados com a geração de um conhecimento original local? Estariam as
temáticas e perspectivas metodológicas de pesquisas sendo orientadas por outras
partes que não o pesquisador? Seríamos todos escravos do produtivismo?
Essas preocupações têm surgido frequentemente nos debates em nosso PPGA. De alguma forma, seria esperado que posições
perdidas para propostas alternativas tentariam ser reconquistadas. Da mesma forma, o alinhamento a
projetos “vencedores”, definidos como "melhores" também parece ser mais seguro para pesquisadores e programas que têm que se manter atuando "pelo livro". Nesse sentido, as tradições de pesquisa em ciências naturais, claramente hegemônicas no universo científico, demonstram ainda ter muito poder. Detêm o poder de ser ciência e, portanto, guardam as chaves do portão e definem quem entra ou não. É realmente muito mais seguro seguir suas regras. Mas nem sempre os problemas à nossa frente podem ser tratados com os mesmos recursos teórico-metodológicos. Mudamos de problema? Partimos para a associação a algum evento geológico que permita uma modelagem física do problema? Acta Geológica Sinica continua A1 em administração...
Bem, trazendo a discussão de novo para perto de nós. Em seu primeiro número de 2013 a
Revista de Negócios da FURB apresenta uma interessante discussão a respeito de pesquisa
acadêmica de marketing. A editoria do Prof. Edson Scharf estimulou a reflexão
de alguns acadêmicos da área com relevância no Brasil e no exterior, incluindo
a preciosa contribuição do Prof. Russell Belk.
O artigo do Prof. Belk contrasta
as perspectivas de pesquisa qualitativa e quantitativa, tratando de suas
questões primordiais e dialogando com o mercado. Em seguida, o Prof. Francisco
Giovanni Vieira apresenta um panorama das publicações da área no Brasil e
discute o uso da pesquisa qualitativa. O contraponto é feito pelo Prof. Salomão
Farias, que trata dos aspectos relevantes da abordagem quantitativa de
investigação.
O quarto artigo, de autoria do
Prof. Eduardo Ayrosa, apresenta uma reflexão sobre propostas de investigação
qualitativa e quantitativa e sugere que a formação de novos pesquisadores deva
levar em conta múltiplas visões metodológicas.
Minha sugestão para que se
(re)discuta a disciplina e a orientação da pesquisa acadêmica de Marketing é seguida do
artigo dos professores Richard de Sousa, Thiago Rodrigues e Roberto Pacheco,
que propõe uma discussão mais ampla a respeito do conhecimento em marketing e
sugere algumas aplicações práticas.
Essa iniciativa corajosa da Revista de Negócios deu continuidade à discussão iniciada pelo artigo dos professores Claudio Hofman Sampaio, Marcelo Perin, Fernando Luce, Mirela dos Santos, Fernando Santini, Marta Oliveira e Geanderson Lenz publicado no terceiro número da Revista de Administração Contemporânea de 2012. O referido artigo suscitou réplicas dos professores Angela da Rocha e Jorge Ferreira e do Prof. Francisco Vieira, além da tréplica dos autores, e deixou a impressão de que outras vozes poderiam ser incluídas nessa discussão. A editoria da Revista de Negócios ofereceu essa oportunidade e merece o reconhecimento da comunidade.
O conteúdo da revista está
disponível no endereço eletrônico http://proxy.furb.br/ojs/index.php/rn/article/view/3610/2219 e também na base SPELL (spell.org.br).
Boa leitura!
Referências Bibliográficas
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